Lá vem de novo aquela
perguntinha retórica… Claro que sim – você me responde – mas qual é
o problema dessa vez?
Calma. Talvez você
esteja certo. Realmente quero acreditar que a maioria das pessoas sabem receber
a Eucaristia. Na verdade, é a coisa mais fácil do mundo: coloque a mão direita
debaixo da esquerda e, diante do sacerdote ou ministro extraordinário, olhe
quando ele apresentar “o Corpo de Cristo” e responda amém.
Simples,
não?
Bom, existe também
outra forma, mais tradicional (embora não seja a mais antiga em se tratando da
história da Igreja como um todo), que é receber a hóstia diretamente na boca.
Nesse caso, como é obvio, você
não coloca a mão para receber, mas simplesmente… abre a boca! Sem esquecer de
dizer amém antes!
Fácil. Totalmente
compreensível até para as crianças do catecismo que, aliás, na minha opinião,
são as que menos erram. Porém, meus queridos leitores, além desses dois únicos modelos de receber a
Eucaristia, o povo criou outros inumeráveis. Obviamente TODOS
errados!
Quando eu era
adolescente, conheci um padre que dizia já ter contado 16 modos diferentes, além
dos dois acima citados, de receber a comunhão. Eu não fiz as contas, pois são
tantos os que já contei que não caberiam aqui (ficaria um texto muito
enfadonho…), mas, com certeza, ultrapassam em muito a conta do velho
sacerdote.
Vamos nos divertir um
pouco? Quais são essas maneiras erradas de comungar?
- Não dizer amém após o padre ou o
ministro extraordinário apresentar a hóstia e dizer “o Corpo de Cristo”.
- Dizer amém antes disso.
- Dizer amém duas ou mais vezes
(acredite, isso acontece mesmo…).
- Repetir o que o padre diz e falar junto com ele
“o Corpo de Cristo, amém”.
- Beijar a hóstia antes de comungar.
- Sair da frente do sacerdote (ou ministro) com a
Eucaristia ainda na mão.
- Sair de ré derrubando os outros que vêm
atas.
- Dizer outras coisas além de amém. Por
exemplo: “graças a Deus”, “glória a vós Jesus”, “te amo Senhor”… etc. Tem erros
também da parte do padre. Um dia quando eu era leigo, o padre me deu a hóstia e,
em vez de dizer “o Corpo de Cristo” ele disse:
“depois eu quero falar com você…”
- Pegar a hóstia com dois dedos, como que
“pinçando”. Essa é clássica. Muita gente faz isso e às vezes porque foram
orientadas erroneamente a fazer assim.
- Vir com as mãos como se fosse para receber e
abrir a boca. Afinal, o que você quer mesmo?
- Colocar as mãos baixo demais, na altura da
barriga. Às vezes as crianças fazem isso, mas também os adultos, como se eu
fosse entregar para o umbigo.
- Vir conversando na fila, saudando as pessoas,
olhando para os lados, rindo, sem prestar atenção ao momento sagrado que está
acontecendo.
- Abrir só uma brechinha da boca para o padre
acertar como se fosse uma ficha em máquina de refrigerante ou cartão telefônico.
Algumas vezes enfiei a hóstia entre as gengivas e os dentes da criatura que teve
preguiça de abrir a boca…
- Lamber os dedos do padre… eca!
- Ficar longe demais fazendo com que o padre
tenha que esticar o braço ou dar um passo à frente para dar a Eucaristia.
- Furar a fila. Essa é boa, até fila de comunhão
o povo quer furar…!!!
- Vir com as mãos sujas. Já coloquei Jesus em
cima de muitos números de telefone.
- Vir com terços, papel de cânticos ou outros
objetos ocupando as mãos.
- Colocar a mão direita em cima da esquerda. Esse
é um gesto discreto e disfarçado de comungar com os dedos. Parece que se tem
preguiça de tirar a mão de baixo para pegar a hóstia depois. O brasileiro tem
“jeitinho” pra tudo.
- Abraçar os dedos da mão esquerda com a mão
direita por baixo. Estranho? Vá dizer pra quem inventou…
- Fazer uma reverência na hora que o padre
apresenta o Corpo de Cristo. Nada contra os atos de devoção, o problema é que se
você apresentar a hóstia e a pessoa em vez de responder, mostra os cabelos é, no
mínimo, muito esquisito. Se você quiser fazer uma reverência, deve-se fazer
antes de chegar a sua vez.
- Colocar as mãos de modo correto, mas não deixar
que se coloque a hóstia na mão querendo pegá-la antes. Essa também é
clássica.
- Dizer amém com a hóstia na boca. Sua
mãe nunca lhe ensinou que é falta de educação falar com a boca cheia?
- Não prestar atenção se ficou algum fragmento da
Santíssima Eucaristia na sua mão. Essa é grave!
- Se benzer depois de receber a hóstia.
- Se benzer com a hóstia na mão, o que é pior
ainda!
- Falar com o padre ou com o ministro alguma
coisa que não seja amém. Essa é o contrário daquela que aconteceu
comigo.
- Sair cortando a fila pelo lado errado. Essa é
irritante. A pessoa recebe a Eucaristia do lado direito (quando são duas filas)
e quer voltar pelo lado oposto, passando pela frente do sacerdote, atrapalhando
a fila do lado, é uma confusão. Se fosse ao trânsito era batida na certa!
- Colocar a hóstia na boca com a mão e não com os
dedos. Por mais horrível que pareça, isso não é raro. Muita gente faz dessa
forma, em vez de pegar a eucaristia com os dedos da mão direita (que está
embaixo da esquerda) leva a hóstia à boca na palma da mão, como quem engole um
comprimido, sei lá… nem sei comparar.
Tem alguma outra? Com
certeza, infelizmente, sim. Mas por enquanto são essas as formas erradas que eu
lembro. Como eu falei, os erros não estão somente da parte de quem recebe, mas
às vezes também da parte de quem distribui a Sagrada Comunhão. Quem entrega a
Eucaristia, deve apenas mostrar
a partícula (como se chama a hóstia pequena dada aos fiéis) e dizer em voz alta
“o Corpo de Cristo”. Em seguida, depois
do amém, coloca-se a hóstia na mão ou na boca do fiel, conforme
o caso. Nada mais.
Já soube de um
ministro extraordinário da comunhão que colocava várias hóstias na mão e ficava
distribuindo como se fossem fichas. Horrores à parte, o que vale é sempre termos
atenção para fazermos tudo com dignidade e respeito que é devido à Santa
Eucaristia.
Uma observação
importante: de modo algum alguém é proibido pela Santa Sé de comungar de joelhos
ou usar o tradicional véu sobre a cabeça, no caso das mulheres. Não é mais a
forma ordinária, normal de
comungar, mas nem por isso é proibido como querem dizer alguns.
Quando a reforma
litúrgica, a partir do Concílio Vaticano II optou por se receber a comunhão na
mão e de pé, não estava introduzindo uma “novidade modernista” de sabor
“protestantizado”, mas sim retomando a tradição mais antiga da Igreja, desde os
primeiros séculos, em que se comungava assim. Estar em pé, na liturgia,
significa desde os primórdios estar ressuscitado com Cristo. De
fato, o vocábulo bíblico levantar é o mesmo usado para ressuscitar. Na tradição
litúrgica antiga, por exemplo, era proibido ajoelhar-se no tempo pascal, para
reforçar esse simbolismo de que, pelo batismo, nós ressuscitamos com Jesus para
uma vida nova.
Portanto, comungar na
mão, com o devido respeito que a liturgia exite, não diminui a Eucaristia, mas
pode nos dar o sentido de que somos mais que servos, somos amigos e filhos de
Deus.
Comungar de joelhos,
por sua vez, evidencia a reverência e a adoração que são devidas a Deus. É uma
tradição também muito antiga (embora não tanto quanto comungar de pé) e talvez a
maioria dos santos que conhecemos tenha comungado sempre assim na sua vida. Em
suma, as duas formas estão certas e uma não exclui a outra. Só uma
observaçãozinha a mais: se você for comungar de joelhos, seja prático. Aí vão
alguns erros dessa forma de comungar:
- Fazer genuflexão com um joelho só. Não invente!
Se vai comungar de joelhos, faça certo: ajoelhe-se com os dois joelhos. Diga
amém em voz alta e receba a hóstia na boca.
- Ajoelhar-se sem ter forças para levantar. Já
teve gente que se agarrou na minha túnica para não cair! Se você não consegue
mais se ajoelhar e levantar sozinha, assuma a idade e o peso! Comungue de
pé.
- Receber a comunhão de joelhos e na mão. Isso é
errado. Ou um rito ou outro, a comunhão na mão se recebe de pé.