domingo, 1 de julho de 2012

Encontro de Formação do dia 30 de junho de 2012




O QUE É MESMO ESPIRITUALIDADE?

         Espiritualidade tem muito a ver com o sentido que damos à vida, aos fatos e acontecimentos.A interpretação que damos a tudo o que vemos é fruto do tipo de espiritualidade que cultivamos. O modo como encaramos as coisas e a leitura que fazemos da realidade depende do tipo de espiritualidade que cultivamos. Isso significa que a espiritualidade influencia a maneira de enxergar o mundo e as coisas ao nosso redor.
          Espiritualidade vem de Espírito, ou seja, uma força que envolve todo o ser da pessoa.
Assim, espiritualidade é justamente o nosso modo de perceber o "espírito" do que acontece à nossa volta. A espiritualidade nos faz entender o que há de transcendente ao nosso redor.

            Na vida do cristão, a espiritualidade é a vivência da fé sob o impulso do Espírito Santo. É deixar o Espírito Santo motivar, animar, impulsionar a vida pessoal, o relacionamento com os outros, a vida da comunidade, da família. O Espírito anima, impulsiona, provoca unidade, energia e ardor.

            É o Espírito que faz o homem através do batismo tornar-se filho de Deus, e deixando-se guiar por Ele, torna-o capaz de entrar em diálogo, recebendo o convite à profissão de fé. Respondendo ao chamado, o coração se encherá do seu amor, provocando um estilo de vida.

            A espiritualidade faz com que eu deixe o Espírito Santo inspirar o meu modo de pensar e animar todo o meu agir. Pela espiritualidade cristã assumimos um estilo de vida, um jeito de viver, um modo de estar no mundo. A espiritualidade cristã é a espiritualidade de Jesus, segundo seu Espírito. É viver a como ele viveu, fazer o que ele fez, viver o que ele viveu, assumir o seu projeto.

            É servir aos irmãos. É comprometer-se com o Reino de Deus como Jesus se comprometeu.Somente a força de Deus, o viver segundo o Espírito, nos faz sair de nós mesmos para nos colocar a serviço de uma causa em favor da vida. Sem esse impulso de Deus é impossível realizar um serviço duradouro e comprometido com o seu Reino.

            Sem uma espiritualidade profunda, tudo vai perdendo o seu sentido. O desânimo, o comodismo, a tristeza, o abatimento, a omissão vão invadindo e tomando conta de nossa vida. A espiritualidade nos torna dinâmicos, firmes na fé e perseverantes na missão de seguir Jesus Cristo.

              Assim, espiritualidade não é abstração, distanciamento dos fatos, da realidade, mas é viver,testemunhar e agir neles segundo o Espírito de Deus. Espiritualidade não é uma parte da vida, mas a vida inteira guiada pelo Espírito de Deus. Quem deseja viver uma espiritualidade autêntica não pode ficar parado, fechado às emoções, aos apelos do Espírito Santo, não pode fechar-se em si mesmo ou nas suas convicções. O Espírito é sempre questionador, impulsionador, animador.

             
             Espiritualidade cristã é um estilo de vida que deve ser construído diária e permanentemente, é um exercício, um caminho de busca. É um itinerário na busca de Deus através de Jesus Cristo, no compromisso de gerar vida e justiça para todos.
Vale lembrar que não há apenas um tipo de espiritualidade, mas várias espiritualidades. Há a espiritualidade do leigo, do monge, do padre, da religiosa, do franciscano, do redentorista, do budista, do muçulmano, do catequista e assim por diante. E cada um tem uma espiritualidade que lhe é própria.

              Espiritualidade não consiste simplesmente na realização de exercícios devocionais religiosos, mas num modo de posicionar-se na vida e ver todas as coisas. Já dizia o poeta Exupéry, no Pequeno Príncipe: “só se vê bem com o coração: o essencial é invisível aos olhos”. Pois bem, a espiritualidade consiste em olhar o mundo com os olhos do coração.  A espiritualidade ajuda o catequista a ter maior intimidade com Deus, a crescer no seguimento de Jesus como seu discípulo e a viver com coerência seu projeto de vida cristã.

UMA COMPARAÇÃO SIGNIFICATIVA:Poderíamos comparar a espiritualidade à raiz de uma árvore. Mas não basta uma espiritualidade se não houver uma mística própria. A mística é a seiva que vem das raízes e percorre toda a árvore. A Mística nos move para a realização do projeto de Deus. Ela dá sabor à
espiritualidade.O profeta Jeremias percebeu intensamente a mística do seu ministério: “Tu me seduziste Senhor e eu me deixei seduzir” (Jr 20,7-13).
Ora, na mística, quem não se deixa seduzir por Deus acaba sendo seduzido por si mesmo.A oração é como que a folhagem da árvore. É ela que faz a árvore respirar e se manter sempre viva e verdejante.


A ORAÇÃO É O ALIMENTO  PARA A ESPIRITUALIDADE

“No suor dos teus dias, usa a oração sem mostrá-la.
Na oração falas com Deus, no serviço Deus te fala”


A oração faz parte da espiritualidade. Porém, não é a mesma coisa que espiritualidade. Esta é mais do que a oração. Podemos fazer oração, mas não termos espiritualidade. É o caso da oração que separa fé e vida, que se isola da história. Torna-se oração descomprometida com a vida, oração sem a presença e a abertura verdadeira para Deus.

A oração para ser parte da espiritualidade deve ser vivida, testemunhada. Ela deve criar uma relação amorosa com Deus, uma intimidade. É a oração que vai alimentar nutrir e fortalecer a espiritualidade.

Para melhor entendermos, vale lembrar a analogia do amor conjugal que a Bíblia tanto usa. A autenticidade dos momentos de especial intimidade do casal humano, como expressão de amor, depende muito de como eles vivem o ritmo mais comum e permanente da vida a dois. Beijo de gente que se ama vinte e quatro horas por dia, é diferente de quem busca o outro apenas para uma satisfação passageira. Seria muito estranho se o casal dispensasse momentos de maior intimidade com desculpas do tipo: “Não precisa! Já moramos juntos na mesma casa. Estamos cansados de saber que nos queremos bem”... Ora,  quem entra por este caminho acaba esfriando e esvaziando o relacionamento conjugal. O amor vai definhando por falta de gestos concretos de carinho e reciprocidade.

Assim também ocorre com a oração. Somente uma vida de oração pode dar consistência aos momentos específicos de intimidade com Deus. A oração é o combustível para a dinâmica do encontro permanente com Deus e da leitura da sua presença nas mais diferentes situações. Cuidar da oração é olhar de novo a raiz de nossa vida, de nossas opções e trabalhos e garantir a saúde da árvore inteira.

Importante é perceber a oração como experiência de amor. Ela, como diz Santa Teresa de Jesus, “não é nada mais do que um íntimo relacionamento de amizade a sós com aquele que nos ama”. O caminho da espiritualidade supõe esforço, exercício (ascese), certa disciplina, porque a oração não é algo instintivo, que nos vem de dentro. Ela exige seu tempo, seu lugar. Se não se impõe certa disciplina, a oração acaba sendo prejudicada. Daí a importância de abrimos espaços permanentes na nossa prática pastoral para esse encontro pessoal e profundamente com Senhor (encontro também comunitário). Momento para a pessoa se trabalhar, penetrar na profundidade do mistério.
Temos que nos sentir “seduzidos” pela profundidade do encontro, e reviver a experiência de Jeremias: “Tu me seduziste, Senhor, e eu me deixei seduzir” (Jr 20,7).


Não é difícil perceber como o nosso jeito de ser, de rezar, de interpretar os fatos está intimamente ligado a imagem de Deus que cultivamos. Sabemos que qualquer ideia ou definição de Deus será sempre incompleta, imperfeita, parcial. Por isso temos Jesus, revelação do Pai.

        Muitas vezes nossas atitudes deixam de revelar um Deus-Amor e Misericórdia e acabam por imprimir uma imagem de um Deus severo, juiz e castigador. A experiência e a imagem que temos de Deus podem influenciar determinantemente a experiência e a imagem que nossos catequizandos podem ter de Deus.

       Um discernimento constante nos ajudaria a perceber nossas reais motivações para a vivência de nossa espiritualidade. Sempre cabe perguntar: Isto que estou fazendo ou sentindo, apontam para que tipo de imagem de Deus? Essa imagem é a do Deus revelado por Jesus ou é o retrato distorcido daquilo que Deus é em sua essência?

Espiritualidade é:
• Descobrir a providência divina nas dificuldades diárias;
• Sentir Deus no abraço de uma criança;
• Ir dormir morrendo de cansaço, mas feliz por ter sentido Deus no serviço ao outro;
• Ver noticiários de pessoas que fazem algo bom e se alegrar com isso;
• Perguntar: Senhor, o que queres que eu faça?




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